Na tradição do ashtanga
vinyasa do Patthabi Jois não se pratica nem na lua nova nem na cheia. O motivo, explica o professor americano Tias
Little, é porque como
somos constituídos na maior parte de água, também somos influenciados pela lua,
como as marés. Na lua nova, como o puxar da lua é o menos forte, podemos nos
encontrar sem motivação, nos sentindo sugados de energia, pesados e fracos. Na
lua cheia, por outro lado, com o puxar da lua mais forte, o prana (força vital)
sobe na direção da cabeça e nos deixa sujeitos a nos empurrar além dos nossos
limites, e se praticar, a chance de se machucar aumenta.
A professora de Iyengar, Karin O’Bannon, fala o seguinte : “Minha mente,
como a lua, tem as suas fases enquanto ela passa através dos
citta vrtti-s(flutuações
da consciência)
, panca klesa-s (cinco aflições)
, antaraya-s (obstáculos)
e
triguna-s (três qualidades da natureza). Essas fazem como que a
mente fica vacilante e limitada. A lua tem a capacidade de ser completa bem
como limitada pelas suas fases. Quando cheia; a lua reflete todo o esplendor do
sol. Minha mente também pode entrar em um estado de brilho quando eu reflito a
pureza da Verdade Absoluta. A lua não vai de nova para cheia em uma noite só,
mas segue um movimento rítmico de transição de fase para fase. Minha mente tem
que encontrar o método dela para se mover de um estado de dispersão,
parangachetana,
para
pratyakcetana, um estado de introspecção.”
Temos usado essa semana, portanto, para práticas mais restaurativas, introspectivas
e hoje com um pouco de
pranayama. Queríamos
usar a imagem da lua cheia linda de ontem como inspiração para tornar a nossa
própria mente tão sem sujeiras, véus, sombras e tal, que pudesse refletir toda
a luz da consciência cósmica (Verdade Absoluta, Deus,
ishvara ou qualquer outro nome que você escolha de chamá-lo). Mais
cedo na semana nós nos demos um tempo em
shavasana
para abandonar os cinco
klesha-s(como
a existência dessas qualidades, segundo Patanjali, é um dos obstáculos para o
brilho eterno da nossa mente):
avidya,
a ignorância;
asmita, o amor do próprio
ego
; raga, o desejo;
dvesha, a aversão e
abhinivesha, o medo da morte.
Simples assim. Abandonamos. ;)
Hoje fizemos um esforço para sentir dentro de cada um de nós, qual dos
guna-s (mais obstáculos no nosso
caminho) é predominante. Depois fizemos uma resolução interna, de continuar as nossas
praticas de tal forma que atenua o
guna
predominante e equilibra os três. Básicamente, o
guna vata, ar, faz como que seus olhos não conseguem ficar fechados
em
shavasana ou outras posturas
restaurativas, faz você se mexer e se ajeitar sem parar. Práticas apropriadas
seriam posturas em pé com permanências longas que criam calor e aterram os pés.
Venha para aula andando a pé, lentamente, ou então de bicicleta mais lentamente
ainda. O
guna pitta, calor, faz a sua
mente correr em mil quando você está lá deitado fazendo aparentemente nada. Se
pitta for desequilibrado, você talvez
começa a xingar o professor, pelo menos internamente, por prende-lo nessa
postura inútil. Você precisa ficar exatamente aí, até sua figura se acalmar!!!
Venha para prática andando a pé, lentamente, parando nos sinais, sem atropelar
ninguém ao caminho. E o
guna kapha
ficou lá em
supta baddha konasana (postura
do ângulo fechado, deitada), completamente em paz, feliz da vida de estar
parado, que bom, que gostoso, eu acho que isso é bom yoga mesmo.....mas de
repente não é mais yoga, é o sono que pegou! Para esse praticante, o “remédio” é
levantar e participar muito nas práticas mais ativas, se esforçar de vir para
aula todos os dias e de preferência vir andando rápido, ou então de bicicleta. Deixe
o carro descansar na garagem.
Om.